Famílias de jovens mortos no Conde desabafam após prisão de policiais: 'não foi confronto, foi uma chacina'
18/08/2025
(Foto: Reprodução) Prisão de policiais do Conde repercute entre famílias das vítimas
Reprodução / TV Cabo Branco
A prisão de policiais envolvidos na morte de cinco jovens no Conde repercutiu entre familiares das vítimas. Mães e parentes foram até a Cidade da Polícia, nesta segunda-feira (18), com cartazes e fotos dos filhos em protesto. Elas afirmaram que não acreditavam que haveria justiça e receberam com surpresa a notícia da prisão temporária dos agentes.
De acordo com a perícia, não houve confronto. Os laudos apontaram que os dois carros onde estavam os jovens foram atingidos por 90 disparos feitos de fora para dentro. Apenas um tiro foi disparado de dentro de um dos veículos, segundo a investigação.
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'Única coisa que tenho do meu filho é o chapéu crivado de balas'
As mães carregaram cartazes e lembranças dos filhos. A mãe de Emerson Almeida de Oliveira, de 25 anos, disse que recebeu a notícia com alívio, mas contou a dor de perder o filho.
“Disseram pra gente que foi troca de tiros e não foi. Não aconteceu isso. Fuzilaram o carro. Muitos tiros no meu filho e eles apanharam muito. Meu filho e todos eles apareceram de cueca, sem nenhum pertence. A única coisa que tenho do meu filho é o chapéu crivado de balas, a sandália e uma pochete”, relatou.
As mães contam que, apesar da prisão, ainda têm dificuldades em confiar no processo. Isso porque a perícia não foi feita no local do crime. Os próprios peritos afirmaram que a cena foi modificada, o que atrapalhou as investigações.
A esposa de uma das vítimas relatou como a perda afetou os filhos. Um deles é autista e dependia do pai para ir às terapias. “Está complicado porque ele sente a falta do pai e não tem mais como se locomover para a terapia. Ele não é mais a mesma criança e também deixou outra criança de 9 anos”, contou.
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As famílias afirmaram que todos os jovens eram trabalhadores e tinham planos para o futuro. “Estou feliz por essa notícia de hoje. Que eles paguem, porque isso não foi um confronto, foi uma chacina. Passa um filme na cabeça todos os dias”, disse uma das mães.
O que diz a defesa dos policiais
A defesa dos policiais presos, por meio do advogado Luiz Eduardo, afirmou que eles estavam cumprindo mandado de prisão temporária e que acreditam que os agentes serão soltos ao final do prazo.
Segundo o advogado, os policiais realizavam um "checkpoint" , que é um ponto de fiscalização, quando foram surpreendidos pela chegada de dois veículos.
“Ao serem abordados, os ocupantes desses dois veículos abriram fogo contra os policiais e, nesse momento, os policiais revidaram. Tudo o que se tinha para colaborar com a investigação foi colaborado. Não compreendemos os motivos dessa prisão”, disse.
Relembre o caso
Cinco jovens morreram durante ação policial em João Pessoa
Reprodução/TV Cabo Branco
Uma operação da Força Tática do 5º Batalhão da Polícia Militar terminou com a morte de cinco jovens na noite de 15 de fevereiro, no bairro Valentina, em João Pessoa. O caso aconteceu horas depois de um feminicídio registrado no Conde e, segundo a PM, o grupo estaria se preparando para uma retaliação.
As vítimas foram identificadas como:
Fábio Pereira da Silva Filho, 26 anos;
Emerson Almeida de Oliveira, 25 anos;
Alexandre Bernardo de Brito, 17 anos;
Cristiano Lucas, 17 anos;
Gabriel Cassiano de Sousa, 17 anos (filho de Ana Gabriela, vítima do feminicídio).
De acordo com a versão apresentada pela Polícia Militar, os jovens estavam em dois carros e teriam trocado tiros com os policiais. As equipes estavam em duas viaturas e relataram que os ocupantes dos veículos estavam armados.
O laudo da perícia, porém, apontou outro cenário. Um dos carros recebeu 74 disparos e o outro, 18. Todos os tiros partiram de fora para dentro, com exceção de apenas um disparo feito de dentro de um dos veículos. Além disso, a análise não ocorreu no local do crime, mas em outro espaço, o que prejudicou as investigações porque a cena já havia sido modificada.
Guia do Hospital de Emergência e Trauma de João Pessoa mostra que cinco jovens chegaram mortos
Reprodução/TV Cabo Branco
As cinco vítimas foram levadas em viaturas da PM para o Hospital de Trauma, mas chegaram à unidade já sem vida, segundo a instituição.
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